Sexta-feira, 22 de setembro de 2000


Debate em preto e branco

SYDNEY - Pra variar, mais uma vez os negros vão dar a última palavra no atletismo olímpico. Vai ser um banho, maior ainda que em Atlanta. É só aguardar. A hegemonia da raça negra soma os fundistas africanos aos velocistas afro-americanos e mais uma boa parcela de jamaicanos, cubanos e brasileiros.

A questão, certamente, vai aprofundar o caloroso debate que, há anos, empolga a sociedade norte-americana: afinal, existe, mesmo, a superioridade atlética da raça negra sobre a raça branca?

Acaba de sair, nos Estados Unidos, um livro que vai provocar a ira de uma corrente de pensamento que define o fenômeno do negro norte-americano no esporte como o mero triunfo de um corpo sem cérebro nem espírito. O título do livro é Tabu: por que atletas negros dominam o esporte e por que nós temos medo de falar sobre a questão? O autor é o jornalista americano Jon Entine.

O livro revela que o atleta negro tem o que os antropólogos chamam "phenotipic advantage", uma formação esquelética, muscular e metabólica forjadas ao longo de milhares de anos de evolução.

Um dado impressionante da obra provém do basquete: os Estados Unidos, com uma população negra de 13%, registram a seguinte equação: em cada quatro mil garotos negros, um deles tem todas as chances de chegar a jogar na NBA. Em contrapartida, entre os brancos, a chance é de um pra 90 mil.